domingo, 9 de outubro de 2011

PESQUISA

A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Professor Pedro Simão” encontra-se localizada num bairro residencial de segmento de casas populares, denominado Vila do Sul, considerado atualmente o bairro que mais cresce no Município de Alegre, sendo que aí, nos últimos anos foram construídos supermercados, farmácias, loja de material de construção, padaria, lojas de roupas e acessórios. Além desses, em seu comércio, o bairro possui muitos bares e um bailão.
Nossa clientela é composta por crianças do bairro, do Morro do Querosene, da Prainha, do Morro do Arcon, Morro do Quartel, etc.
As crianças aqui atendidas são em sua maioria de famílias de renda muita baixa, sendo que algumas não têm em casa água encanada e nem energia elétrica. Um número representativamente alto de nossas crianças é atendido pelo programa “Bolsa Escola” do Governo Federal e algumas sobrevivem apenas da renda dessas bolsas.
Algumas das crianças de entre 07 e 14 anos freqüentam o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI, programa de parceria entre os governos Federal e Municipal, onde deveriam além de situações que envolvem lazer, alimentação, relações de cidadania, em parceria com as escolas que as crianças freqüentam estarem orientando essas crianças com relação à “tarefas de casa” e o reforço escolar aos que dele necessitam.
Dentre os 900 alunos atendidos pela escola, 75% são negros e destes, 69% são de renda muito baixa, passando pela pobreza.
Infelizmente este índice gera um preconceito muito grande, não somente nos alunos, mas na escola. A sociedade julga a escola como de favela, que atende somente crianças oriundas de morro.
Para superar este problema, a escola vem desenvolvendo programas e projetos que visem melhorar a qualidade do ensino ofertado, promovendo os alunos a conquistarem lugares e postos de trabalho. Um exemplo disto foi o índice do ENEM 2010 da escola, alcançando o 2º lugar no município, ficando atrás somente do IFES – Campus Alegre, outro ponto positivo foi a criação dos cursos técnicos, que proporcionou a oportunidade de educação profissional aqueles que não tem condições de ingressarem em uma faculdade.
A grande maioria das crianças atendidas pela escola é filha de famílias que constituem o novo modelo familiar, famílias funcionais. Algumas têm a presença da mãe como provedora da renda familiar e da educação dos filhos. Outras crianças ficam sob a responsabilidade da avó, por que foram entregues a essas pelas mães que foram embora, abandonando seus filhos, ou porque estão fora, cuidando do sustento da família. Em muitas dessas famílias, a figura paterna é desconhecida ou apagada.
Em algumas famílias observa-se que a irmã(ão) mais velha(o) é o responsável pelos menores quando da ausência dos pais, ficando ambos por sua conta e risco, perambulando pelas ruas do bairro, ouvindo conversas e observando situações que ainda não se encontram preparados para uma compreensão lúcida.
Outras crianças, após a escola, ficam perambulando pelas ruas, algumas até tarde da noite, freqüentando bares, festas e lugares que não são próprios à sua idade, estando expostos a todo tipo de violência.
Observamos que muitos alunos têm trazido para a escola a “não noção de limites”, o “pouco interesse por estudar e aprender”, a “não responsabilidade por cumprir com tarefas-de-casa”, as “brincadeiras violentas durante o recreio”, alguns poucos com “atitudes discriminatórias”, e outros comportamentos que demandam uma tomada de cuidado e atenção pela escola.
Pensamos, pois não temos dados coletados que comprovem os fatos, que muitos dos comportamentos trazidos pelos alunos para a escola são reflexos da sua vida familiar:
  • Ausência de pai/mãe/ambos - preocupados com a sobrevivência, se encontram fora de casa o tempo todo, e quando chegam, ainda têm que cuidar da casa, uma série de tarefas domésticas a cumprir e deixam seus filhos “sossegados na frente da TV” para que também “tenham sossego” e consigam cumprir suas tarefas;
  • Alguns pais, após o trabalho têm outros afazeres como ir para rua encontrar os amigos, ir ao bar beber um pouco e bater um papo;
  • Pouco tempo junto aos filhos, o que os fez ser permissivos procurando “fazer tudo” para eles e permitindo-lhes “fazer o que querem”;
  • Pouco ou nenhum estudo dos pais, a maioria estudou apenas os anos iniciais do Ensino Fundamental, muitos não estudaram e, portanto se acham impotentes para acompanhar os filhos, outros não conseguem ver “no estudo” uma oportunidade de vida melhor, ou uma vida sustentável;
  • As famílias possuem em sua maioria mais de três filhos, crianças que ficam soltas pelas ruas e têm oportunidade de ver e participar de brigas, achando que assim é que se resolvem as coisas;
  • Alunos que ficam frente a TV, sem seleção ou orientação quanto aos programas vistos, sendo eles que escolhem o que ver e quando ver;
  • Alguns alunos enfrentam cenas de violência doméstica em suas casas, às vezes entre seus pais, às vezes de seus pais para com elas e até entre a vizinhança.
Dentre todos estes fatos, a escola procura desenvolver projetos que trabalhem o respeito, o carinho, incentivando e motivando os alunos a estudarem, mostrando que somente através do estudo que a mudança de vida acontece.
Percebeu-se na escola que o aumento da violência entre os alunos se dá pela falta de limites dos pais e/ou pela violência que estas crianças encaram no dia a dia, tanto em casa, como na rua.
Este numero não pode ser levantado precisamente, pois não temos provas consistências de tal violência, mas sabe-se que existe, e a escola procura não ficar alheia a tal problema, auxiliando de todas as formas as crianças que sofrem, tendo como colaborador o conselho tutelar que atua diretamente com as famílias.

FONTE: Pesquisa feita na EEEFM "Professor Pedro Simão)



Nenhum comentário:

Postar um comentário