sábado, 31 de março de 2012

CASOS DE RACISMO NO BRASIL

por Francisco Sampa

Passados 121 anos da abolição da escravatura e depois da assinatura de várias leis contra a discriminação, casos desta natureza ainda acontecem em várias partes do Brasil, envolvendo pessoas famosas e anônimas.
A nota a seguir foi publicada na coluna Zapping na edição de terça-feira, dia 28 de abril, no jornal Folha de São Paulo:
“A atriz Christiane Torloni, de "Caminho das Índias", levou advertência da Globo depois que uma camareira negra, chamada Fátima, a acusou de ser tratada de forma discriminatória e procurou o departamento de recursos humanos para fazer reclamação formal. O desentendimento entre as duas foi presenciado por gente da produção da Globo e pela atriz Letícia Sabatella. Durante intervalo de gravação externa da novela, em um ônibus usado como camarim, a camareira perguntou se a atriz precisava de algo. Christiane olhou e perguntou: "O que você quer, está me seguindo? Sai, sai. Ô raça". A Globo não confirma que houve qualquer tipo de punição contra ela. A atriz nega a acusação. Em outra ocasião, Luana Piovani também teve problema na Globo. Foi acusada de agressão por uma produtora e afastada da gravação do "Faça sua História"


OUTRO CASO

Esther Sanches Naek, líder comunitária e Juiza de Paz radicada na cidade de Tolland no estado de Conneticut, com forte militância política e atuação na área social no seio da comunidade brasileira, tendo seus serviços reconhecidos por autoridades brasileiras e norte americanas, visitou nossa redação na segunda-feira, dia 27 de abril e nos relatou a história que ocorreu com ela na cidade Belo Horizonte, capital de Minas Gerais.

Na capital mineira contratou os serviços de sua hospedagem em Belo Horizonte, no Hotel LIBERTY SAVASSI, localizado à Rua Paraiba, 1485 na Savassi. Ali chegando no dia 25 de março último, vestida de jeans e usando sandálias sem salto, porém após a longa viagem recebeu tratamento que não condiz com o seu status de consumidora pelo atendente/recepcionista de nome GERALDO. Ele, demonstrando desprezo para com ela a ela, jogou as chaves do quarto no balcão de check-in. Não deu informações sobre como chegar aos aposentos e, especialmente perguntado, limitou-se a responder secamente: "o número do quarto está na chave". Outro atendente/carregador, um afro-descendente, aproximou-se e, com presteza, se dispôs a carregar a bagagem, acompanhando-a até o quarto. Nesse espaço, a retratada comentou com o atendente/carregador que estava espantada com o mau atendimento recebido, ao que este replicou que, ali, era comum o mau humor e a indelicadeza na recepção.
Chegando ao quarto recebeu um telefonema do mesmo atendente de nome GERALDO, dizendo-lhe que se esquecera de pegar o cartão de crédito dela ou em espécie para cobrir duas diárias. Esther nessa oportunidade disse a ele sobre a sua indignação pelo mau atendimento e este retrucou dizendo que trabalhara por quatorze anos em hotéis em Nova York e que lá todo mundo era mal recebido.
Ao dizer-lhe que procuraria o gerente ele, destemidamente, disse que o fizesse. Esther imediatamente desceu para a área de recepção e ao ser vista pelo aludido atendente recebeu a fala de que ele já havia comentado com o gerente e que se ela quisesse podeira falar com ele. Esther disse que reclamaria diretamente com proprietária do hotel, dona MARIA JOSÉ CAPANEMA. Nessa oportunidade o recepcionista disse "fique a vontade, ela está ali", apontando para uma mesa próxima no hall do hotel.
Esther aproximou-se da proprietária e disse: "com licenca senhora, eu poderia ter a sua atenção por alguns minutos?", dona MARIA JOSÉ CAPANEMA instantaneamente olhou para e disse: "Você não está vendo que estou ocupada?" Nisso Esther disse que precisava apresentar uma reclamação por maus tratos do atendente e que esperaria. Ao se afastar por dois metros mais ou menos, daí a segundos dona MARIA JOSÉ CAPANEMA, já irada, disse a seus interlocutores, (ela estava conversando com duas pessoas na recepção), em altos brados "não se pode conversar com privacidade, deixa eu falar com esta mulher" Aproximando-se ela disse: "o que você quer?" , isto rispidamente.

A partir desse momento, vendo-se inteiramente mal recebida, disse que gostaria de fazer uma reclamação, mas que entendia o porquê de haver sido maltratada na recepção, já que a proprietária encorajava esse proceder com o aludido comportamento. E que, face às circunstâncias, solicitou que sua bagagem fosse devolvida e que ela procuraria outro hotel na cidade, no que foi prontamente atendida.
A líder comunitária sentiu-se e ainda se sente ultrajada, seja como cidadã consumidora, seja como pessoa e afro-descendente. Frise-se que, enquanto estava na recepção, um senhor de tez clara que chegou depois dela, foi pronta e educadamente atendido antes dela. Não é difícil concluir que houve, na base de tudo, um viés de descriminação racial e social. Por isso se sente tão insultada e isso na própria terra natal. Como líder comunitária aqui nos EUA e no Brasil, Esther atua em áreas de assistência social e saúde, incluindo, neste caso, nove instituições sendo sete mineiras: Alvinópolis, Governador Valadares, Rio Piracicaba, uma em Sombrio em Santa Catarina e uma em Fortaleza no Ceará.

VERSÃO DO HOTEL

Na tarde de terça-feira, dia 28 de abril, às 4h07 da tarde, ligamos da redação do jornal para o hotel através do telefone (031) 2121-0900 e fomos atendidos pelo Sr. Celso Morandi, que se identificou como gerente geral do hotel em questão e nos contou a seguinte versão dos fatos.

De acordo com Sr. Celso, a Sra. Esther fez a reserva com a atendente Lívia para 3 dias de estadia no hotel. Ao chegar para o fazer o check in, a Sra. Esther recusou-se a apresentar o cartão de crédito, o que conforme ele disse é uma praxe internacional, uma vez que não era uma hóspede regular e não tinha uma empresa responsável por sua hospedagem. O que requer, neste caso, que o hóspede apresente um cartão de crédito para depósito de segurança. Segundo ele, em nenhum momento levou em consideração fatores sociais ou mesmo raciais, foi apenas uma questão de ordem administrativa. Ainda, segundo sua informação, a Sra. Esther retirou-se do hotel e foi levada a outro estabelecimento hoteleiro onde, conforme informação do taxista, passou pelos mesmos problemas enfrentados em seu estabelecimento, ou seja, a recusa em apresentar o cartão de crédito para o depósito de segurança no HOTEL MERCURY, onde não se hospedou e acabou ficando no terceiro hotel, desta vez o MAX SAVASSI, no centro da capital mineira.

Fonte: http://www.brazilianpress.com/20090429/local/noticia03.htm (acessado em 30/03/12 às 8hs)

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